terça-feira, 3 de maio de 2011

A NOBRE ORIGEM DA MAÇONARIA


Para compreendermos a Maçonaria precisamos contemplar suas raízes históricas e princípios fundadores. Talvez, o primeiro passo seja diferenciarmos as abordagens fantasiosas e acríticas das fontes históricas verídicas. Nesta nobre revista eu dissertei sobre duas origens lendárias da Maçonaria: Os Segredos do Templo de Salomão – Primórdios da Maçonaria Lendária (Edição 12) e Os Segredos da Capela Rosslyn – Os Cavaleiros Templários e Maçonaria (Edição 13). Trata-se de duas versões lendárias, ou seja, sem qualquer prova documental que as sustente enquanto verdade.

Talvez o melhor conhecimento histórico possa ser adquirido quando nos voltarmos para os primeiros membros da Ordem. Como sabemos a maçonaria tem origem em corporações de ofício medievais, compostas por trabalhadores especializados na arte da construção. Devido à natureza itinerante de sua atividade, eles não se prendiam a nenhum feudo, tendo o privilégio da livre circulação. Com isso, surge a expressão “pedreiros-livres”. Só a partir do século XVI, a Maçonaria passa a admitir membros de outras classes de trabalhadores. E é nesta fronteira entre a Maçonaria operativa e especulativa que temos as primeiras provas documentais da Ordem. A primeira atividade da Maçonaria especulativa de que temos notícia aconteceu na Inglaterra em meados do século XVII. Encontramos registros da iniciação de dois maçons especulativos: Sir Robert Moray e Elias Ashmole em 1641 e 1646 respectivamente.

A aproximação intelectual Ashmole e Moray com o Iluminismo nos proporciona informações interessantes sobre a natureza primordial da Maçonaria. Ambos foram fundadores da Royal Society de Londres, instituição fundada em 28 de novembro de 1660 por um grupo de doze estudiosos que incluía, além dos maçons aqui citados, o arquiteto Christopher Wren, o cientista Robert Boyle e John Wilkins, inventor do sistema métrico. Também estão ali os estudos do também maçom Benjamin Franklin sobre tempestades elétricas que datam de 1752 além das notas de Edward Stone, de 1763, sobre o uso da casca de salgueiro para tratar febre, que documentam o começo do descobrimento do ácido acetil salicílico e a produção da aspirina, hoje um dos medicamentos mais usados em todo o mundo. Como podemos perceber a Maçonaria operativa sofria um processo de transformação lento e gradual atraindo para seu seio não só mestres do ofício da construção, mas também nobres, cientistas e profissionais liberais. A relação íntima da mais antiga academia científica do mundo e a Maçonaria enobrece nossa origem.

Se neste período os documentos ainda não nos permitem traçar muitas considerações o ano de 1717 abre o campo das certezas.

Foi neste ano durante as festas de São João Batista que quatro lojas maçônicas encontram-se na Taverna Goose and Gridiron (O Ganso e a Grelha), na praça da Igreja de São Paulo, em Londres, e formam a primeira Grande Loja. Infelizmente, o edifício que abrigava a taverna foi demolido no final do século XIX, embora seu emblema tenha sobrevivido (ao lado).

Foi neste ano que surgiu a primeira organização maçônica pública e formalmente reconhecida: A Grande Loja de Londres. Em 1723, seis anos depois, o ministro presbiteriano escocês Dr. James Anderson, publicou as Constituições da Maçonaria. É neste documento que estão dois baluartes da Maçonaria: a proibição de temas políticos e sectário-religiosos no interior das lojas e a exigência dos membros possuírem a crença num Ser Supremo.

Em pouco mais de trinta anos a Ordem Maçônica estava presente em quase todos os países da Europa Ocidental e nas principais colônias americanas e asiáticas. Podemos afirmar sem sombra de dúvidas que já no princípio do século XIX a Maçonaria tornou-se uma instituição global participando ativamente de acontecimentos políticos, intelectuais e sociais.

Com este artigo espero ter evidenciado que nossa origem histórica é tão fascinante quanto nossa suposta e improvável origem lendária. Apesar de não existir qualquer documento que ligue nossa gênese ao Templo de Salomão ou aos Templários temos nas corporações de ofício medievais e sua incorporação de intelectuais ligados a Royal Society um nobre nascimento.

Fonte: revistauniversomaconico.com.br

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