Desde os primórdios da civilização os povos viviam em conflito, mesmo na era pré-histórica os homens das cavernas disputavam entre si alimento para sua subsistência expondo a própria vida na busca de sua presa. Voltando às civilizações, estas enfrentam as mais variadas adversidades, as de origem da própria natureza como terremotos, tufões, erupções vulcânicas e epidemias que chegavam a dizimar quase toda a população. Há as adversidades que resultam de guerras provocadas pelo homem, verdadeiro flagelo da humanidade, provocando fome, epidemias e mortes, não poupando crianças, mulheres e velhos. Podemos começar citando o domínio do Império Romano, desmoronado pelos hunos, godos e vândalos, o domínio dos árabes no Mediterrãneo, as Guerras Napoleônicas, a Guerra Civil Americana, Franco-Prusciana, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, Coréia, Vietnã, do Golfo (Iraque 1991), Kosovo, Afeganistão e, mais recentemente, pela segunda vez, a Guerra do Iraque, a primeira invasão ordenada por George Bush (pai) e seus aliados e a segunda por George W. Bush (filho) tendo como parceiro Tony Blair, primeiro-ministro da Inglaterra, e mais alguns países (hoje sabe-se que cerca de três ou quatro deles deixaram de pertencer à força de coalização, retornando aos países de origem).
O argumento para tal invasão baseava-se como sendo aquele país possuidor de armas de destruição em massa. Hoje confirmado pelos inspetores da ONU, através de laudo a inexistência daquelas armas; o mais grave é que tal invasão, é arbitrária, uma vez desaprovada pelos representantes de outros países que compõem a ONU, descarecterizando o poder daquele órgão.
Comprovada a inexistência de armas de destruição em massa, argumentou-se por parte dos invasores (Estados Unidos e Inglaterra) tratar-se de combater o terrorismo e a ditadura sanguinária de Saddan Hussein, levando ao povo iraquiano a democracia. Nas ruas de Damasco um trabalhador sírio comentou “ se ele (Bush) quer exportar democracia através de guerra, que fique com ela”. Não se instala e nem fortalece a democracia quando a soberania de um provo é atingida pela imposição ou força. Em uma de suas colunas no Jornal Imparcial, o cronista Luis Carlos Bedran diz: “o país venceu a Segunda Grande Guerra na luta contra a opressão e em favor da democracia agora torna-se cada vez mais opressor e antidemocrático”.
O mundo enfurecido com a idéia de conquista por parte dos invasores entende que a única justificativa para essa opressão é motivada pela “fome e sede do petróleo”. Toda guerra tem por objetivo interesses econômicos ou aumentar o espaço físico, ampliando a fronteira do país agressor.
Sabe-se também que não existe ligação de Saddan Hussein com a rede de terror Al Qaeda, chefiada por Osama Bin Laden. E aqui deve-se deixar bem claro que o terrorismo é um ato insano e nefasto, praticado por fanáticos, não se justificando sob nenhuma hipótese, tornando-se assim covardemente outra guerra envolvendo inocentes, derramando sangue de crianças, mulheres e velhos indefesos.
Alguns críticos justificam a guerra quando contra a guerra, ou seja, guerra á guerra, quando o homem deveria tomar Cristo como modelo cujo amor pela humanidade foi tão grande que deu-nos o sangue e a própria vida. Ainda num passado não muito distante podemos citar Gandhi, grande pacifista que combateu seus inimigos com uma maravilhosa arma, a arma da bondade. Não acreditava na morte do ódio deles, fazendo seus inimigos, amigos. Era chamado de Mahatma ou grande alma. Encontrando uma solução conciliadora e não beligerante.
Só uma palavra faz sentido na guerra: a Paz.
Deve-se deixar aqui consignado que a Maçonaria teve papel preponderante na Independência do Brasil, Inconfidência Mineira, proclamação da República etc.,isso dentro do panorama nacional.
No cenário internacional a Maçonaria contribuiu com pelo menos sete prêmios Nobel da Paz. A saber, León Bourgeois, Prêmio Nobel da Paz em 1920, membro permanente do Conselho da Paz de Haia e presidente do Conselho de Ministros da França; Lie Ducommun, Prêmio Nobel da Paz em 1902, dedicou os últimos anos de sua vida a dirigir o Escritório Internacional da Paz, em Berna; Alfred Fried, escritor austríaco colaborou desde muito jovem com a pacifista Berta Suttner, fundou a revista Abaixo as Armas e publicou inúmeras obras pacifistas, sendo honrado Douitor Honoris Causa da Universidade Holandesa de leyden, membro do Instituto Internacional da Paz e Prêmio Nobel da Paz; Lafontaine, Prêmio Nobel da Paz em 1913, professor de Direito em Bruxelas, vice-presidente do Senado,membro do Escritório Internacional da Paz em Berna, fundador do Instituto Bibliográfico Internacional, organização pacifista; Charles Richet, médico francês, membro do Instituto da França e da Academia de Medicina, Prêmio Nobel da Paz, destacou-se por sua investigação sobre os soros e como escritor por sua “História da Humanidade”; Theodor Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, Prêmio Nobel da Paz, por seus trabalhos como mediador na guerra russo-japonesa; Gustav Stressemmann, ministro de negócios estrangeiros da Alemanha, famoso por sua política de locarmo, cujo trabalho em prol da paz o fez também credor do Prêmio Nobel da paz.
A esses, alguns autores ainda acrescentam dois outros: o filantropo suíço Nenri Dunant, fundador da Cruz Vermelha, Prêmio Nobel da paz em 1895 tradicionalmente considerado como maçom, e Albert Schweitzer, teólogo, médico, músico, pensador e filantropo, que encontrou na promoção da paz seu denominador comum, concedendo-lhe em reconhecimento o Prêmio Nobel da Paz.
Preocupada com a paz, A Grande Loja do Peru organizava no mês de abril de 1988 uma jornada maçônica sobre o tema “Construamos a Paz”, onde se falou de Violência e Paz, Direitos Humanos e Paz, Alternativas de Paz e a Maçonaria na Constituição da Paz. No convite dessa jornada pode-se ler na primeira página a frase: “ A verdade pode ir sem armas pelo mundo”, na última um pensamento do Grão-Mestre Serge Raymaund de La Ferrieri, que diz: “ O poder reside especialmente nessa paz interior que se irradia ao redor do ser e oferece uma vibração magnética que é capaz de ser comunicada a qualquer um que se aproxime”.
Entre os dias 11 e 15 de abril do mesmo ano na cidade do Rio de janeiro realizou-se a XIV Grande Assembléia da Confederação Maçônica Internacional com o intuito de dirigir-se ao mundo inteiro, aos governos nacionais, povos de cada nação, associações e conglomerados de homens e mulheres de todas as idades, raças, cores, crenças e formas de pensar, convidando-os a desenvolver uma grande ação conjunta para alcançar “a preservação da paz, da concórdia e da fraternidade, como único meio de impedir a explosão de uma terceira guerra, que põe em perigo a existência de todo vestígio de vida e, portanto, da liberdade de crer, pensar e agir na busca de um mundo novo”.
Nesta chamada Carta do Rio de Janeiro, os maçons da América Latina definem a paz como a presença do entendimento e do diálogo constante que permite alcançar meta comuns para a realização das aspirações dos povos.
A paz é a vida dos homens e das mulheres já não é admissível permitir que a ciência e a tecnologia se desenvolvam na busca da força e no propósito da destruição. E acrescentam:
Afirmamos que a paz não existirá se persistir em violar os direitos de Soberania e Independência de nossas nações. Discordamos de que as nações Latino-Americanas sejam convertidas em campo de batalha, negando todo princípio dos direitos humanos. Cada povo tem a liberdade de ter o sistema econômico e político que lhe convenha para poder desfrutar, não só da democracia, senão também do aprimoramento constante de suas condições sociais, materiais e espirituais.
A paz é um imperativo na luta pela justiça. Professamos a urgência para a criação de um Humanismo social e moral que permita a unidade e a compreensão entre os indivíduos e as nações.
Finalmente, conclui a citada Carta do Rio de Janeiro com um chamamento “a todos os irmãos da América para trabalhar ativamente pela concórdia, pela fraternidade, , pela igualdade e pela liberdade”.
O verdadeiro maçom deve destingir-se por sua fidelidade, amor e afeição à sua Pátria, por sua submissão às leis, por sua subordinação ao sistema e governo sob os quais vive e por seu respeito aos magistrados que são seus órgãos.
A maçonaria é um sistema de filosofia prática, que promove a civilização, exerce a beneficência e tende a purificar o coração,melhorando os costumes e combatendo a tirania e os vícios; mantém a honra nos sentimentos e dissipa a ignorância e o erro, propagando o conhecimento em todas as classes sociais. Todos os homens, seja qual for sua raça, são irmãos.
Finalmente... “Não se pode permanecer indiferente diante de todas as covardias de todas as pusilanimidades, de todo pauperismo espiritual, ante o horror de uma nova guerra e a indignidade de um fascismo covarde e canalha...”, incluindo-se aqui o nazismo, imperialismo e todos aqueles com idéia de conquista.
Poderia citar as causas que têm dado origem a muitas guerras, porém como não é o meu intento demonstrar coisas que já sabemos, senão tão-só minha repulsa contra esse instrumento vil de que têm valido e se valem nossos opressores para ele medrar e a nós e a nossos filhos arrastamos à morte e á ruína. O que digo e desejo é que inculquemos em nossos filhos o horror às guerras. Em vez de relatar-lhes façanhas gloriosas de heróis guerreiros e conquistas de reinos, triunfos sobre inimigos no campo de batalha, contemo-lhes essas verdadeiras epopéias dos heróis que se chamam Edson, lutador infatigável, homem de ação que enfrentou na vida sua crua batalha no campo da ciência, saindo vitorioso e vencendo a vida com essas armas que são os livros, o estudo e a vontade. Ferran, Caumett, Pasteur, que lutam no campo de batalha da ciência contra esses inimigos que se chamam o cólera, a tuberculose, a hidrofobia e são esses heróis vitoriosos ganhando para a humanidade batalhas gloriosas e triunfantes,, porque são batalhas de canções e não de lamentos, batalhas sobre troféus e não sobre ruínas.
De tudo o que foi expôs e após ter enumerado essa plêiade de heróis e tomá-los como exemplos que a Maçonaria continue trabalhando pela paz mundial realizando encontros nacionais e internacionais como aqueles mencionados neste trabalho.
Autor: Irmão Jorge Sallun
Fonte: formadoresdeopiniao.com.br